Imagem do Kaos
Tenho algumas lacunas na minha cultura, uma das quais é não saber o que quer dizer "capitalismo”, mas, sendo o étimo “capital”, suponho que tenha tido origem nas sedes de governo dos diversos países, onde as gentes honestas traficavam bocados de papel, em troca de favores, diamantes, petróleo, órgãos e muitos caixões de madeira, como dizia o Marx, que, já no tempo dele, enfardava valentes enxertos, na defunta esposa.
Também desconheço o que seja o dinheiro, porque adoro gastar muito mais do que o que tenho, e até não me tenho saído mal, como qualquer comum dos mortais, por uma razão simples que se prende com valores, quase infantis, que nos enformam, e regem, para a vida inteira. Eu explico: contrair um crédito não é um defeito, é um sinal de que estou num momento estável da minha vida terrena, de que estou dignamente inscrito numa estrutura social, onde o meu papel, mais, ou menos, trabalhoso, mais, ou menos, intelectual, é indispensável, e não tem prazo de validade, porque as civilizações – pelo menos, era assim, antigamente – tinham tendência para se tornar mais civilizadas, e não o inverso.
Bizâncio, por exemplo, durou 1000 anos, o que será sempre muito mais do que os gangs da noite, do Pinto da Costa, por mais que se esforcem em multiplicar-se, em adeptos, claques e numerário, e o Egito, apesar de dominado pelos militares, tem pirâmides que já lá estão há mais de 4000 vezes os penosos anos de osteoporose da Maria Cavaca. Portugal, em contrapartida, teve uns altos e baixos, e, agora, por fim, entrou naquilo que eu designaria por “muitíssimo baixo crónico”, ou “má moeda”, com a efígie do Napoleão de Boliqueime.
Aparentemente, Sá Carneiro, que os traficantes de armas do extinto Ultramar grelharam, num avião a cair de podre, onde um dos pilotos – só podia ser… – era meu familiar, sonhava com uma coisa maravilhosa, que era a versão dois da Evolução na Continuidade: "um Presidente, uma Maioria, um Governo”.
Creio que, se fosse vivo, e olhasse para o que isso tem dado, em Portugal, corrigiria a frase, mas agora, é tarde demais, e quem se lixou fomos nós…
O Senhor Aníbal, coitado, está num estado de saúde lastimoso que já não nos engana e não nos deixa quaisquer dúvidas, e conseguiu o que só se costuma conseguir nos finais de Regime: ser tão mau que o seu desempenho pessoal se confunde com a completa decadência do Sistema, ou seja, Aníbal de Boliqueime conseguiu a proeza de desdourar a República ao ponto de sentirmos vontade de enterrar os dois, conjuntamente, mais a deplorável Maria, uma coisa do tempos das cerzideiras de Camilo Castelo Branco. O Governo é um agente de Chineses, Mafias do Pau de Cabinda e cancros venezuelanos, e a Maioria, como se sabe, não existe, já que é uma geometria oscilante de traficantes de escritórios de advogados, apostadores de baixo coturno de interesses, neofascistas de camisa negra, disfarçados de independentes, traficantes de armas, cavalheiros ligados aos negócio dos órgãos, da droga e do plutónio, escroques, “lobbies” do “empurrão” e do Aventalinho, ajoelhados da Opus Dei, e, novidade das novidades, os novos agentes dos agentes colonizadores de Angola, que, passe a errata do texto, querem fazer de cada um de nós um pequeno Gungunhana falido, a ser passeado pelas ruas mal iluminadas das sedes de crime e concelho, mãos e pés atados num pau, como um qualquer javali peninsular.
Mas vamos ao crédito, que é coisa mais vasta: quem contrai um crédito acredita na segurança de hoje, e na esperança de amanhã, ou seja, há uma palavra que resume, e é o substrato granítico do endividar, que é a ideia de “fluxo”, e da sua continuidade. Numa sociedade saudável, podemos falar, sem receio, de coisas como “de aqui a um ano”, ou "de aqui a dez anos”, já que foi com horizontes muito mais vastos que se fizeram as Pirâmides, a Catedral de Milão, ou a Grande Muralha da China... Eis senão quando, como dizia o outro, começaram aos gritos que não havia amanhã, nem estabilidade, e que eram tudo erros de ontem, para pagar já hoje, quando muito, ao fim da tarde, já com juros agravados.
Uma sociedade que entra nesta histeria não está boa da cabeça, ou, como naquele célebre filme da Ingrid Bergman, alguém lhe quer fazer crer que não está boa, embora esteja, e muito mais do que nunca.
Creio que, aqui, começamos a tocar na ferida, que tem a forma da boca da servidão de Angela Merkel, uma Fossa das Marianas, com cheiro a resíduos de Chernobyl. Embora os órgãos de intoxicação social nos tenham amestrado, para fazer esquecer a ideia de "ontem”, exceto quando “ontem” foi mais um jogo da Mafia Russa do oligofrénico Mourinho, a verdade é que ontem, e nos dias que antecederam os dias de ontem, se falava muito da dívida dos países do Terceiro Mundo, uma coisa fabulosa, em dígitos, que traduzia a dinâmica do “Capitalismo”, que era emprestar dinheiro aos cafres, para eles comprarem armas, e se matarem uns aos outros, e terem depois vontade de pedir mais dinheiro emprestado, para poderem matar mais, e ficarem mais ainda endividados. Como se sabe, a dívida -- ao contrário do empréstimo, que está ligado ao otimismo da esperança -- a dívida está ligada ao pessimismo do irresolúvel, e foi nesse maravilhoso cenário que Isabel dos Santos, nata de dois cenários do crime, Angola e a Rússia, nasceu, cresceu e se desenvolveu, em pura forma de iate.
O ciclo seguinte, e já não me lembro como se passou por lá, porque meteu muitas transferências do Cristiano Ronaldo, muitas cuspidelas do Sá Pinto, muitos milhões do Vale e Azevedo e merdunças afins, o ciclo seguinte, dizia eu, começou a falar de dívidas perdoadas, de potências emergentes, e de novos tigres. Não vale a pena pôr-lhes aqui os nomes, porque toda a gente os sabe: Chinas, Brasis, Índias, Áfricas do Sul, Coreias, e outros etc., e o Mundo parecia ir tornar-se maravilhoso, com um deslumbrado com a melanina da sua pele de Senador vazio e vaidoso, do Illinois, o célebre “yes we can”, da puta que o pariu, mais à mulher, e à avó, que é bruxa no Quénia, mas a verdade é que não se tornou, embora o tenham acreditado aqueles anormais da Academia Escandinava, que lhe deram o Nobel da Paz, e o Nobel da Literatura, ao Saramago, que havia de ser lindo a ser obrigado a transliterar agora a sua peçonha no novo Accordo Ortográphico, mas adiante, porque o centro da questão não é este, nem nenhum dos anteriores.
Ao diminuir a dívida incobrável do Terceiro Mundo, e com o Terceiro Mundo a caminhar para Primeiro, o Sistema de Usura Mundial, tal como Ezra Pound o descreveu -- e, por isso, foi pendurado numa jaula, pelos Americanos -- como não haver dívida implica não haver juros, e não haver juros implica os agiotas morrerem todos à fome, alguém, muito mansamente, assim como quem não quer a coisa, tipo carreira do Mega Ferreira, ou do Sousa Homem, também conhecido por Francisco José Piegas, o Judeu, resolveu deslocar o foco da sangria para o Mundo Civilizado, atirando, em meia dúzia de anos, o Ocidente para um estado tão lastimável como os Burkina Fasos, as Etiópias e as Somálias, de há década e meia, ou seja, descobriram o ovo de colombo de, em vez de andarem a sugar dinheiro a quem não tinha, passarem a sugar dinheiro ao público acima, de quem pensava ter algum… O processo, e disto espero que se lembrem, foi juntar toda a gente, e pôr os órgãos de intoxicação social, os cabrões do “comentário político”, os sousas tavares, os catrogas, as constanças cunhas e sás, os ferreiras do amaral, os medinas carreiras, os moita flores, enfim, todos esses gatos fedorentos, a soldo do Sistema, a dispararem sobre o cidadão incauto, dizendo-lhe que não havia amanhã, que o seu emprego era uma choldra, que se iria desfazer com um empurrão, e que a esperança que associara ao seu crédito e à expectativa de uma melhoria de vida, que lhe tinham andado a vender na véspera, estava totalmente errada, e era já para pagar hoje, com a alternativa de morte, sem reforma. Ora, é evidente que tudo isto só resulta, e durante um tempo limitado, devido ao efeito de choque, porque, depois de se apanhar um empurrão destes e se ir com os cornos ao chão, gente como eu, que é de reações rápidas, e não sou o único, começa a olhar em redor e a perceber que está envolvido numa fenomenal mentira.
Eu estou-me zenitalmente cagando para que se tenha criado uma teia de especulação entre filhos da puta, vendedores de caixões de betão e especuladores bancários, que inflacionaram o ninho, onde a Mafalda ia pôr o ovinho do Martim, com dois lugares de estacionamento na cave, mais o São João de Brito, para o Diogo, que já vinha a caminho, com severo acompanhamento das ecografias do Cuf-Descobertas, dizendo-lhes que podiam pagar em 30 anos, e que ainda havia espaço para depois trocarem por um maior e mais caro, quando a inseminação artificial começasse a levar à célebre conta do casado e pai de três filhos, ou que o Jerónimo, do Laranjeiro, tivesse arranjado um T2 para a sua Tânia Vanessa mais a trissomia-21 da Joana, que ele acha que nem é filha dele, do pittbull e da tv das Finais da Taça, com tração a quatro rodas.
Pessoalmente, não me apetece ser tratado no mesmo regime com que esses cavalheiros, que, há séculos, vivem do juro, tratavam, há uns aninhos poucos, os países que estrangulavam com as suas “dívidas”. As minhas dívidas são uma opção de vida, e correspondem ao amanhã a que eu, e as gerações que me vão suceder, têm absoluto direito. Não me apetece pagar hoje o que me foi prometido poder pagar amanhã, depois de amanhã, e de aqui a cinco anos, e até quero que o meu emprego, onde funciono na qualidade de excelência, não venha a ser destruído por um badochas, que deslocalizou a sua unidade fabril para uma terra de meninos escravos.
Deslocalizou?...
Produz lá fora?...
Quer vender muito caro, cá dentro, o que custou as cabeças dos dedos dos meninos do Vietname e do Cambodja e das Filipinas?...
Pois então, senhor industrial, o seu produto, que foi produzido bem longe das fronteiras ocidentais vai ter de ser taxado de forma muito alta, de modo a garantir o emprego e bem estar dos seus concidadãos. Não quer!???... É acusado de crime de lesa pátria e ergue-se uma forca de corda curta, e o seu sucessor já não incorre no mesmo erro, vos garanto.
Quanto aos senhores banqueiros, tenho demasiados anos de estudo, de cultura e de civilização para que, sequer, vos conceda o direito de me olharem como um desgraçado, que morre de fome, em redor de uma fonte seca. Ao contrário desses seres humanos, que vocês exploraram, mutilaram, e trataram, como lixo anímico, nós, Ocidentais, temos o dom da literacia, e eu, totalmente impermeável ao vosso Futebol, às vossas claras ferreiras alves, aos vossos catrogas, aos vossos gaspares, às vossas Fátimas e aos vossos politicamente corretos, faço aqui a solene jura de vos bombardear com os meus textos, até que as gerações inquietas acordem, vos identifiquem, e vos exterminem. E olhem que esse dia está a chegar…
(Trio do cafre era o preto que engravidou a rata da tua mãe, meu cabrão, no “Arrebenta-SOL”, no “Democracia em Portugal” e em “The Braganza Mothers”)
Encostados à parede, e com tratamento clássico