domingo, 3 de maio de 2015

Histórias com Poulenc ao fundo, uma visão onírica de Manuela BaPtista

"Tinha concluído. Recuou três passos e apropriou-se do universo fantástico que criara. O cometa, a constelação maior, os cervos, o escaravelho gigante, a floresta, os trilhos. Logo de seguida preparou o gesso e trabalhou as partes laterais das telas e lá fora a primavera instalava-se e inundou-lhe as janelas abertas, as tintas, os pincéis, as paredes, os cabelos e os olhos e foi nesse instante que ela entrou. Esvoaçou fixada nas cores, à volta do gesso e se pousasse colava-se, moldava-se em estátua para sempre. Ele tentou recordar-se da morfologia inquieta das abelhas. A ferroada, o espigão, a moeda de cinquenta cêntimos para fazer passar a dor, não passava, não. Cinco olhos, três simples e dois compostos, a visão aumentada dos objetos, a alucinação da luz e do movimento e não sabia, apenas imaginava o que ela via. Depois num voltear mais amplo ela saiu e ele fechou a janela. Do outro lado do vidro a abelha batia e ali ficou muito tempo a bater e quem sabe talvez amanhã a polinização mágica dos cometas, da floresta, dos trilhos, da luz."


3 Responses so far.

  1. Recuperado o diário original, um sonho dentro de outro sonho, a relembrar, um tempo, um dia, uma amizade.

    Obrigado, Manuela e Paulo :-)

  2. .

    .

    . uma dádiva suprema . e.terna . no dia de um aniversário de Luz . com ouro . tanto ouro ao fundo .

    . :) .

    .

    .

  3. a 3 de maio,

    porque chove, douramo-nos sim


    :)

 
 

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