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Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Há um nó górdio na sociedade portuguesa que se resume na seguinte interrogação: como insuflar e voltar a reintroduzir, agora, no palco quotidiano, um cadáver político, que se chama Aníbal Cavaco Silva?Eu sei que não têm resposta, mas a resposta é um ovo de colombo: dia 31 de janeiro, por acaso, aniversário de uma frustrada implantação da República, e véspera de outro aniversário, esse mais lúgubre, o do Regicídio, que, neste instante, deve ter o Aleijão de Boliqueime completamente borrado, dia 31 de janeiro, dizia eu, é o aniversário, o centésimo, por acaso, da Infanta Adelaide, membro da Casa Real Portuguesa, e uma das mais ilustres portuguesas, ainda vivas.
Neta de Miguel de Portugal, de má memória, a Senhora Dona Adelaide van Uden, nascida Bragança, foi daquelas figuras do infortúnio e da noite, que, quando as cidades da Europa ardiam, debaixo dos terríveis bombardeamentos dos exércitos das Ideologias, nascidos dos cancros do Marxismo e do Nazismo, procurava, entre os escombros, feridos, vozes implorando piedade e salvação, num voluntariado de noites e dores partilhadas. Para mim, que nunca estive numa guerra, a não ser, como muitos, na comodidades dos sofás, que nos fazem sempre parecer demasiado longínquos os horrores, vou hoje fazer o esforço de me colocar ao lado da sombra de uma princesa portuguesa, deslizante e infatigável, em busca de salvar vidas, naquela pavorosa fronteira extrema, do infortúnio e da morte, que dissolve as diferenças e faz emergir as solidariedades, nos limites sem descrição da selvajaria humana. "Era uma jovem destemida e tinha um hábito perigoso: assim que ouvia as sirenes de aviso de novo bombardeamento aliado, subia ao sótão de casa para ver onde estavam a cair as bombas. Depois, esperava que os aviões dispersassem, pegava num candeeiro a petróleo e corria em auxílio dos feridos que se amontoavam nos escombros"
Adelaide não agia apenas pela noite: durante o dia, dialogava com os movimentos de oposição ao Nazismo, e acolhia, por detrás das suas cortinas, os perseguidos pela Gestapo, uma coisa sinistra, que faria a PIDE parecer uma brincadeira de crianças, protegendo-os e escondendo-os, numa Áustria inebriada pela Anschluß, um asco, que nos lançou sempre no equívoco de pensar que o pior austríaco de sempre, Hitler, não teria lá nascido, por mais que o branqueamento, e o empurra, empurra, o tivessem querido fazer alemão.
Hitler não era alemão, mas austríaco, e Adelaide não era nazi, mas uma Portuguesa exilada, que a Áustria dos Habsburgos acolhera, como prima distante, e que se regia pela carta estrita da aristocracia, que impede o convívio com os regimes e as gentes que desprezam os seus próprios povos.
Hitler não gostou de que brincassem com ele, e condenou a cidadã Adelaide à morte, por obstrução à imparável voragem nazi.
Quero supor que Adelaide terá respondido com um olhar fulminante à condenação desse demente da pré Aldeia Global, mas os gestos heróicos pouco contam, quando a Civilização inteira está a caminho do precipício, e lá teremos de conceder aos que veneram Salazar -- nos quais nunca me incluirei -- o mérito de, num gesto de diplomacia extrema, ter conseguido que o Carniceiro de Berlim transformasse a pena capital numa imediata deportação para as terras mornas, e saloias, de Portugal.
A história poderia acabar aqui, mas não acaba, porque as pessoas com infinita dignidade prosseguem sendo infinitamente dignas. A portuguesa Adelaide, nascida Infanta, continuou a sua obra de solidariedade, explorando, como assistente social, as piores misérias que a Trafaria e a Costa de Caparica, desse mesmo Salazar, tinham criado. Van Uden, que ela salvara dos escombros, e por quem se apaixonara, numa tenda da Cruz Vermelha, já acabara os seus estudos, que Portugal não reconheceu, porque ainda não chegara a fase dos "masters" americanos, que davam, e dão, direito a enganar-se, a contar pelos dedos, e a vice reitorias na Lusófona.
Valeu-lhe outro notável exilado, Gulbenkian, que lhe deu oportunidade para criar um daqueles raros nichos de pensamento e investigação, deste enorme deserto da Margem Sul, Norte, Este e Oeste, o Instituto Gulbenkian de Ciência, num tempo em que as instituições para o aprofundamento do Conhecimento ainda não tinham à testa cabecilhas com as mãos manchadas de crimes de sangue, como Leonor Beleza.
Dona Adelaide dissolve-se, a partir de aqui, no Tempo, tão só porque nós preferimos o escândalo às vidas exemplares: fará, como disse, dia 31 de janeiro, 100 anos, data que todos os lusitanos deverão comemorar, como o aniversário de uma das maiores portuguesas de sempre.
Como em tudo, há nisto um senão: alguém se lembrou de "assoprar", à degenerescência que ocupa o Palácio de Belém, que vinha aí um centenário notável. Nada de melhor, pois, do que assinar um despacho, a conceder a Ordem de Mérito a Adelaide de Bragança, ou mais justamente, a Adelaide de Portugal.
É uma boleia como qualquer outra. Para um cadáver político, que, enquanto Adelaide lutava contra o Nazismo, assinava o célebre papel da PIDE, a dizer que se encontrava "integrado no regime político da ditadura", qualquer coisa serve hoje de tábua de salvação. Se ele estava a contar com essa surpresa, para reaparecer como rejuvenescido, recauchutado, e reintegrado, no dia de aniversário de 31 de janeiro, com uma medalhinha de ordens de mérito nas mãos, eu concedo-me o direito de lhe puxar violentamente, já hoje, 29, o tapete de mais uma chico espertice do Carrasco de Boliqueime: há vidas demasiado altas para medalhinhas, e medalhinhas demasiado vis, para certas mãos.Que se foda Cavaco Silva, cancro mor da democracia portuguesa, e incontornável vergonha da Nação!...
(Trio de reverência e saudação de Adelaide de Portugal, no "Arrebenta-Sol", no "Democracia em Portugal" e em "The Braganza Mothers")
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Canal #Gayengates, da PtNet, e o chat do "Lisboa Cruising" estão fartos de ser chateados com a história do Luís Grilo, e dizem que se era não era por ali, e a preta da limpeza dos chichis do cinema do Campo Pequeno diz que nunca viu ninguém de bicicleta lá dentro, de joelhos, sim, e de gatas, grandes triatletas de coisas que as mulheres sérias não fazem, mas de bicicleta ainda não, e que se não acabam de vez com aquela pouca vergonha, volta para São Vicente, para tratar dos porcos no quintal, que, porcos por porcos, prefere os de São Vicente às passivas de ginásio do Centro Comercial do Campo Pequeno, "sódades" de São Vicente. e da morabeza das minhas ilhas todas... :-\
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"True news": a primeira palavra é de solidariedade para com as vítimas da catástrofe moçambicana. A segunda é de expectativa e esperança: o Idai está para Mozambique como o terremoto de 1755 para Lisboa. É chegada a hora de os Boers tomarem as rédeas da situação e de transformarem uma favela nacional num estado de primeira linha. Pela desgraça, pode ter chegado a hora do progresso e da civilização. Força, Mozambique, força, mozambicanos (e não se esqueçam, depois, de falar também um poucochinho de português, quanto mais não seja, de vez em quando, em Mozambeekland, só por carinho...)
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"Fake News" - Sim, é um exclusivo "The Braganza Mothers": o emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, estaria disposto a comprar João Félix para o PSG, oferecendo 200 000 000 €, numa operação inédita de petroputos. Condições prévias, que João Félix nunca tenha jogado, nunca tenha entrado em campo, e que, caso já esteja lesionado, não se importe com ser comprado por mais 50 milhões. 250 000 000 €, quem não gosta?... Os lobbies da "branca", da "branca de neve", como se diz na Sierra Nevada, que vão ter de subir a sua parada.... Viseu é uma festa, parabéns, João Félix, por mais este grande salto :-)
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