Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Sobre a mesa comprida da cozinha estendemos o tecido, preso pelas quatro pontas e desenhámos o pássaro, as asas abertas, as patas esticadas, quase a poisar. Cheirava a maçãs assadas e a canela e lá fora o cão corria e ladrava a pedir para entrar.
Sobre a mesa comprida da cozinha estendemos o tecido, preso pelas quatro pontas e desenhámos o pássaro, as asas abertas, as patas esticadas, quase a poisar. Cheirava a maçãs assadas e a canela e lá fora o cão corria e ladrava a pedir para entrar.
Começámos a
bordar. A cada um calhou uma pena, o pescoço, a cabeça, a pata direita, a
esquerda, a cauda, o bico, os dedos, a quilha do peito e escondido, por baixo
do ponto cheio, o coração.
Os rapazes
não bordam a linha de seda, mas bordaram. E em cadeia, o pássaro de dezembro
cresceu, apenas um pouco tosco por passar de mão em mão.
Antes do Natal chegar, pendurámos o pano bordado na parede da sala e deixámos a
janela aberta. Entrou o frio, uma chuva leve, o vento do entardecer. E um ou
dois pássaros.