domingo, 2 de julho de 2017

plantou então um lódão-bastardo e a árvore cresceu

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

Era uma vez um homem que possuía uma casa pintada de branco num terreno húmido perto de um rio. A casa tinha duas portas, sete janelas, uma chaminé e uma latada feita com canas da índia e enroscadas cresciam as trepadeiras e um pé de vinha. Nas floreiras das janelas eram os trevos de três folhas, pois se os de quatro dão sorte, não serão trevos, porque possuem uma folha a mais.
Junto do rio coaxava a rã e o homem amava a casa, o pé de vinha, os trevos, as trepadeiras e os montes em volta e tanto era o verde que a cada fim de dia os seus olhos castanhos esverdeavam também.
O homem tinha seis filhos e todos haviam partido, cansados de verde, para outro lugar. No entanto as sete janelas permaneciam intactas. A primeira a contar da esquerda era a do seu quarto, onde ele dormia descansado porque nada temia e porque temeria? se era um homem bom. As seis janelas seguintes, uma de cada filho, e todas as semanas fazia-lhes as camas de lavado, enfeitava-lhes as jarras das cómodas com flores amarelas que ele colhia do lado sul da casa pintada de branco.
Um dia qualquer voltariam e caso não voltassem, longe onde estivessem sonhariam com a casa e o pai e o rio e a rã que coaxava e as flores nas jarras.
Foi assim que plantou de estaca um lódão-bastardo e ele cresceu. Fez-se grande a árvore, a copa arredondada e as raízes sólidas e fortes espalharam-se e agarraram-no à terra. No ano seguinte plantou o segundo e depois o terceiro, até perfazer seis lódãos-bastardos, as copas redondas e fartas, o tronco firme e já não eram bastardos porque ele os amava como à casa e aos filhos que voltariam ou não. 
Semelhantes eram os lódãos, mas a tonalidade de cada um permanecia singular. 
 
 

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