Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Se no Iluminismo eram os franceses que transformavam a Europa, agora só podemos ser nós a transformar e a “enviar” as nossas formas de pensamento para França, resto da Europa e quiçá para o Mundo.
Ora veja-se: os franceses, aqueles dos coletes amarelos, querem o seguinte:
- Acabar com os sem-abrigo;
- Pagamento mais fatiado do imposto sobre o rendimento;
- Mais estacionamento gratuito no centro da cidade;
- Que os grandes paguem muito e os pequenos pouco;
- Proteger a indústria francesa, proibindo as deslocalizações;
- Sistema de segurança social igual para todos;
- Fim do aumento do imposto sobre os combustíveis;
- Nenhuma pensão abaixo dos 1200 euros e aumento do salário mínimo para 1300 euros;
- Os salários de todos os franceses, bem como as pensões e subsídios, indexados à inflação;
- Fim do trabalho desvinculado;
- Limitar mais o número de contratos a termo nas grandes empresas;
- Fim da política de austeridade, interromper o pagamento da dívida considerada ilegítima sem fazer cobranças aos mais pobres e arrecadar 80 mil milhões de euros perdidos devido à evasão fiscal;
- Resolução das causas que geram migrações forçadas;
- Política de integração real com curso de francês, de história da França e de educação cívica;
- Rendas mais baratas, sobretudo para estudantes e trabalhadores precários;
- Mais meios para o sistema judicial, polícia e exército;
- Todo o dinheiro gasto nas portagens deve ser investido na manutenção e desenvolvimento das estradas;
- Nacionalização do gás e da eletricidade e a respetiva redução dos preços;
- Incluir o referendo na Constituição e consulta mais frequente do povo a nível nacional e regional;
- Voltar ao mandato presidencial de 7 anos;
- Idade da reforma a partir dos 60 anos para todos e dos 55 anos para trabalhadores de trabalho físico;
- Fim do imposto retido na fonte.
- Fim dos subsídios vitalícios dos Presidentes.
Estas são as ideias do Povo Francês que se reuniu nas ruas, tudo porque o Governo aumentou o imposto sobre os combustíveis e assim esta revolta fez o Povo criar um autêntico programa de governo.
Então o que é que os portugueses têm para ensinar ou oferecer aos franceses? É fácil, ora vejamos:
- Aceitar baixar ordenados para ficarmos ao nível ou abaixo da China;
- Reduzir os direitos dos trabalhadores para ficarmos ao nível da Indonésia;
- Aumentar a idade da reforma para níveis de qualquer país da América do Sul;
- Combustíveis com tantos impostos que nem dará para sair de casa;
- Subsídios vitalícios não só para o Presidente, mas para todos os políticos com uma lista bem escondida;
- Acesso à justiça só para ricos em que podem “engonhar” e com “engenharia jurídica” serem presos quando tiverem mais de 150 anos, quer dizer, nunca;
- Portagens com valores elevados, mas, quando for necessário existir manutenção nas estradas e nas pontes que se cobrem mais impostos;
Estas são algumas das ideias que os portugueses podem transmitir aos franceses e estes aplicar, pois são as melhores. Ah… Falta uma boa:
- quando cair uma estrada, árvores ou qualquer outro tipo de catástrofe e envolva responsabilidade civil do Estado e necessidade de meios da proteção da civil a resposta do Estado só pode ser: “o que é que temos a ver com isso? Não sabíamos de nada…” – A amnésia resulta sempre e muito bem.
Finalmente, outra boa lição que os portugueses podem dar, quando não estão inteiramente satisfeitos: basta irem ao Facebook a um grupo qualquer seja de política, seja de ocorrências e escrever “coisas” contra os políticos, esperar que uns tímidos cidadãos o apoiem e a grande maioria dos concidadãos gozem com ele e outros o chamem fascista ou comuna e aguardar… Ah… os portugueses mais revoltadinhos podem sempre ligar para programas de televisão ou rádio e até escrever para qualquer coisa num periódico a reclamar. E pronto… Aí só resta aguardar serenamente, pois tudo irá ficar como sempre esteve e o Governo fará sempre o que lhe der na real gana.
Até que um dia, surjam não cravos, mas sim os coletes amarelos!
Publicado no JM-Madeira - Siga Freitas