segunda-feira, 3 de junho de 2019

Adeus, Agustina. Boa tarde, liberdade



Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas



Desapareceu hoje uma pessoa que foi uma das maiores obreiras de amarrar a língua portuguesa aos padrões do séc. XIX. Nisso, foi muito mais radical do que Salazar, que se contentou com ficar pelo seu pardo séc. XX. Neste tripé, ainda falta o terceiro, José Saramago, o único que, com os dois anteriores, foi capaz de provocar estragos comensuráveis na nossa Literatura.

Da Agustina, nada mais me lembro do que um almoço, em que fiz o reparo de que o termo "gajo" era importado do dialeto cigano, sendo apodo do não cigano, pelo que usar "gajo", coisa que ela não sabia, era estar a pôr-se do lado da comunidade, e a apontar o dedo aos de fora.

Não sei se a Agustina era cigana, mas era certo que conhecia muitos dos expedientes da "coisa".

Cessam assim dois infindáveis e penosos mitos, criados por não leitores e formidáveis máquinas de propaganda, ela, encostada ao mofo estático da "Direita"; ele, ao mofo desengonçado da "Esquerda". De uma soberba infinita, a pior soberba, a de fingida modéstia, da Agustina nada retenho, exceto a dor das árvores que foram abatidas para a poderem publicar. Dos dois, posso, com certeza, dizer que nunca os li, pelo que sempre me senti à vontade para escrever dois dos mais violentos textos contra eles, sempre em defesa da liberdade do Escritor, sensação que nenhum dos dois alguma vez conheceu.

Que a terra lhes seja leve, já que não voltarei a falar deles.
 
 

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