quinta-feira, 1 de março de 2012

Correio da Lola - "Irá Cavaco Silva acabar a ser arrastado pelo Intendente, como Kadafi?"

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

Querida Lola:

Sempre votei no Professor Cavaco Silva, muito antes do 15 de abril, porque achei que era um homem honesto, sempre rodeado de gente séria, limpa e honrada. Aco os Portugueses muito ingratos, por estarem a tratar tão mal uma pessoa tão bondosa, que nos chegou a colocar no pelotão da frente, da Europa, ao nível  da Alemanha, da França e do Benelux... O meu Óscar diz que ele pode ser linchado, e eu ando muito assustada com isso. O que pensa a minha querida sobre isso? Ando tão preocupada...


Maria Julieta do Benformoso, Largo do Martim Moniz

Querida Julieta:

Gosto dessas vozes graves de fêmea, dessas forças vivas do Largo do Martim Moniz, que, entre o putedo, os pretos e os monhés, votam, à chinesa, sempre, no Cavaco Silva, sempre, até ele estar mumificado, e até mais além, se deus quiser. Querida... o Sr. Aníbal, como a gente o trata carinhosamente, aqui, no "trottoir", ou o Zé da Bomba, devido às gotinhas que o pai gamava, e que lhe permitiram ir fazer o Inglês Técnico dele, em Inglaterra, é um caso perdido. Como se trata de uma pessoa ligada à crendice, e às seitas mórbidas, da Opus Dei e dos Casalinhos da Nossa Senhora da Conceição, com a perua da Eanes, tem havido algum cuidado em não desligar a máquina que o mantém ligado à vida. Todavia, como sabe, a morte cerebral já foi declarada há muito, pelo que aquelas bocas, e aqueles perdigotos, e aqueles esgares que ele faz, são todos do domínio dos espasmos, devidos aos estímulos elétricos residuais, ligados ao sistema nervoso secundário. Nada há de novo, porque os Incas também mantinham as múmias com muito carinho, e traziam-nas, para participar nos momentos decisivos, aliás, elas até eram muito percursoras do Professor de Boliqueime, porque entravam mudas e saíam caladas, já que não era nunca altura de se pronunciarem... enfim, era pior, já tinha passado, há muito, a altura em que se podiam pronunciar sobre o que quer que fosse, como no caso do nosso Aleijão do ALLgarve. O mal começou quando, apesar do seu estado de rigor mortis, ele insistiu em vir ocupar tempo de antena, para soltar uns perdigotos, no seu já longo currículo de perdigotos. Hoje, por exemplo, apresentou-se, já cadáver, para ser entrevistado, e dizer que não havia mais espaço de austeridade para os novos pobres. Esqueceu-se, contudo, que havia ainda muito espaço de austeridade para os novos ricos, uma espécie de que ele, mais as más companhias que sempre o cercaram, criaram e adubaram. A menina acha, por exemplo, que já não há espaço para o Dias Loureiro, o Mira Amaral, ou o Catroga suportarem mais austeridade?... Aqui, no Conde Redondo, até há quem diga que lhes deviam enfiar as cabeças em retretes entupidas, a transbordar, a ver quanto tempo é que conseguiam sobreviver com a testa enfiada debaixo de água, antes de vomitarem tudo o que roubaram à Nação. Parece que um que podia não resistir era o Ferreira do Amaral, uma podbre bola de sebo, cheia de dificuldades respiratórias, devida às gorduras do Estado e do Privado, que acumulou, durante décadas de pilhagem dos bens públicos, mas, pronto, já que alguém tinha de morrer sufocado, era melhor que fosse esse do que nós, não acha, meu amor?... A coisa é muito triste, porque o homenzinho, que está numa fase muito avançada de demência precoce, aliás, demência própria da idade e das deficiências o seu código genético, precisava de ser submetido a um processo de eutanásia, em vez de estar nesta prolongada agonia, que só os ais jesus de fátima, fado e futebol consentem. Se fosse numa democracia escandinava, ou na Suíça, já o tinham entregue a uma clínica encarregada de despachar casos o dele. A mim, o que me dói, mais, mas olhe que dói bem fundo, foi ele ter pensado que isto ia ser uma espécie de Baile da Cinderela, da qual se podia retirar, antes de soar a meia noite, mas teve azar, porque, com a mudança da hora, ficou com a abóbora da mulher nos braços, e, aquilo que estava destinado a ser uma infindável sucessão de presépios e roteiros para a terceira idade descambou, subitamente, numa geração e num país inteiro, à rasca, cheio de interesses históricos, e completamente mergulhado na "idade dos por quês", e tantos "por quês" perguntou que chegou ao passado do Sr. Aníbal, no tempo em que chovia dinheiro diariamente, enquanto o emplastro destruía todo o aparelho produtivo, transformava a Cultura num bidé, chamado La Feria, e tornava o Ensino num banco de ensaios de "despachos", à maneira das Estruturas Especiais, do bacharel... enfim, do 12º ano de José Sócrates. Como é um cobarde, e tem medo de ser pendurado pelos pés, como aconteceu, com muita gente do género dele, diz, e diz o que não diz, e trai, e volta a trair, e contradiz e desdiz, e até há voezes que já dizem que, se isto fosse como o "Costa Concordia", ele era capaz de saltar para o bote, deixando a Maria, a Patrícia e a Perpétua a afogaram-se, lá bem para trás... Uma coisa lhe posso afirmar: quando isto estoirar, o Conde Redondo estará preparado para os acolher, travestidos, de Napoleão, e ela, de Betty Grafstein, tal como o Américo Thomaz e o Marcello Caetano, na fase terminal, se escondiam, com perucas louras, nos bunkers dos paraquedistas de Monsanto. Nós vamos protegê-los, sobretudo agora, nesta fase em que a agonia é irreversível, e vamos fazê-lo com especial carinho para com Maria Cavaco Silva, a Pilar del Rio do Sr. Aníbal, que, fruto de muito trabalho, conseguiu que o que, no início, era uma simples mancha se tornasse, agora, numa indelével nódoa nacional. Kisses desta sua, toda aberta, Lola.
 
 

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