quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Correio da Lola - "Querida Lola, estou grávida de dois gémeos, e o meu marido insiste em fazer uma coadoção..."


Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas


Dedicada ao Ricardo Sousa, que acha que eu disparo em todas as direções, e  por acaso até disparo mesmo, como já me apontava o Cesariny :-)



Querida Lola:

Sou uma sua leitora atenta, e no fundo, nem sei se gosto mais de si, se das mamas empaladas da Teresa Guilherme ou dos comentários babosos do Marques Mendes, na "SIC"-Balsemão. Deus foi generoso, e emprenhou-me, de uma só vez, com dois gémeos. Estou de sete meses, e cada um deles pesa quatro quilos. Tive de entregar, este mês, a casa ao banco, e até achava que ia  finalmente recomeçar a minha vida, mas agora o meu marido diz que, para ser feliz, queria... adotar um mulatinho aqui do bairro... Que acha que faça?... Adotamos já, ou ficamos à espera de que as velhas que votaram no nosso Cavaquinho legalizem a nossa adoção?

Maria de La Salete Pinhão, Gondomar



Querida Maria de La Salette:

Antes de mais, deixe que lhe dê os parabéns pela sua dupla gravidez: se, aos 7 meses, já vão com quatro quilos cada um, tenho a pequena suspeita de que, quando nascerem, já devem vir com 12, no total, assim, por alto e por grosso. Embora eu não seja uma mulher de negócio, até já estou a ver no seu balão um nicho de mercado para as gruas desativadas dos Estaleiros de Viana do Castelo, o que pode contribuir para a retoma, e impedir que vão cair nas mãos dos negócios sujos da "Martifer" e do bilderberguer Aguiar Branco. Já se imaginou, a abrir os telejornais, com duas gruas dos ENVC a assistir ao parto, em direto, na TVI, SIC e RTP?... Os seus guinchos de parturiente, em direto na TSF e nos canais codificados da MEO?... Eu acho que isso iam ser os seus 15 minutos de glória, mas ainda vamos esperar dois meses, por esse maravilhoso momento. Quanto à coadoção, acho que devia informar-se um pouco mais sobre o assunto, porque parece que isso se refere àquelas coisas esquisitas que as bichas fazem entre elas, depois de irem, de flor de laranjeira, dizer que vão ser fiéis uma para a outra para o resto da vida, antes de ir cada uma passar os fins de semana nos quartos escuros das saunas e do "Construction". Depois disso, querem agora arranjar crias, para poderem andar a exibir, pelo bairro, como aquelas famílias que arranjam rottweilers, não porque gostam de cães, mas para os poderem andar a exibir e a chatear e meter medo aos vizinhos. No fundo, o que querem é mostrar que andar a bater pratos, ou a levar no cu também dá direito a procriar, o que é contra todos os ensinamentos de Aristóteles, como deve ter conhecimento. Como sabe, eu sou, o mais possível, profundamente contra esses atos contra a Natureza, e até acho que a homofobia devia fazer parte dos programas de Educação Cívica do Ministro Nuno Crato, um dos maiores intelectuais vivos do nosso país. Não há coisa mais nojenta do que um homem andar a farejar o rabo a outro homem, e eu sou a prova viva de que isso é uma aberração, porque quando eles deixam a mulher e os três filhos, em casa, o que vêm procurar em mim não é nenhum homem,  com certeza, mas estes meus silicones rijinhos, estas injecções de plástico, estes meus ganidos de cadela ardente e... e... o resto, mas isso é a coisa de que mais me orgulho, aquele meu clítoris hipertrofiado, capaz de ereções, que lhes dá todo o conforto que não conseguem obter do repouso do guerreiro. É por isso que eu defendo que o homem deve procurar, sempre, mas sempre, as formas do sexo oposto, mas na sua forma integral, e, já que lhes falta qualquer coisa no que têm lá em casa, para o resto cá estamos nós, na esquina, ao frio e à chuva, em horários próximos do do Novo Código do Trabalho, sempre com uma "surpresa" debaixo das saias, para que nada falte nos lares portugueses... Eu, por exemplo, odeio crianças, porque já me custa, tanta vez, aguentar os pais, a gemer, quanto mais as goelas das crias, em dolby surround. No fundo, acho que sofro de uma doença profissional, uma espécie de síndroma do gemido, e mesmo quando tenho a rara sorte de fazer de fêmea, costumo enfiar um lenço na boca, e morder com força, para abafar qualquer onda sonora mais extensa, confesso. A verdade é que me falou muito de si, mas disse muito pouco do seu marido, e isso poderia levar a uma reviravolta no meu discurso: por exemplo, não me disse se o seu marido era gay, porque se o seu marido for gay, bom, então, tenho de lhe dar outra resposta, porque acho que, então, ele tem o direito à sua felicidade, e a adotar o tal mulatinho - que espero que não seja o mesmo em que consta que o Ferro Rodrigues mamava -- com o homem com quem mantém a sua vida íntima. No fundo, esse mulatinho, mais os seus gémeos, fariam um núcleo familiar estável, do tipo três a três: o seu marido com o marido dele, e consigo, a sua esposa em Cristo, com Cristo e por Cristo, com cornos, e mais as três crianças, duas brancas e uma mulata, ou, se houvesse algum azar da Lei de Mendel, até nascer uma branca, uma chinesa e o mulatinho. Seria lindo, pareceria a Benetton, mas em Gondomar, terra linda, lugares do "Major" e do tráfico da Guiné. Também me falou pouco sobre si, e até receio que me esconda alguma coisa, porque a mulher portuguesa é tímida, depois de ter de ser séria, limpa e honrada... Eu não quero insinuar nada, mas... enfim... num país onde tanto se anda a cortar na investigação, muita da teoria pode ter de começar a sair da cabeça da traveca de lineu, e eu até vou considerar um cenário experimental, uma hypotypose pirrónica, em que o seu marido era uma grande paneleira, a menina, uma fressureira porcalhona, e que, nesse caso, assim como o seu marido tinha um marido, também a minha amorosa andava a esfregar-se toda noutra rata. Nesse caso, querida, acho que não haveria coisa mais linda, desde as aparições de Fátima: dois pais, duas mães, uma coadoção, e três filhos, ou para fazer a coisa par, adotarem também um mexicaninho, daqueles das barrigas de aluguer do Cristiano Ronaldo, Grã Cruz da Ordem do Truz Truz: dois pais, duas mães e quatro filhos. Lindo. Um octeto, como o de Mendelssohn Bartholdy, só que com pouca música e muita chichinha. Já viu que isso estaria próximo do Paraíso?... Era como os pneus sobressalentes dos carros: caso falhasse um pai ou uma mãe, havia sempre um, ou uma, para vir substituir... Já se imaginou, naquele dia de glória, a dar à luz, a ganir, sustentada pelas gruas dos Estaleiros de Viana do Castelo, com a sua fêmea, o seu marido, o marido dele, o mulatinho, o mexicano, a "Martifer", o Aguiar Branco e um bando de mafiosos, tudo junto, a assistir ao nascimento dos doze quilos do seu caucasiano e do seu japonesinho?... Coisa linda!... Creio que a minha resposta a deve ter deixado mais animada, mas como não quero ser ordinária, nem mentirosa, acho bom falar-lhe um pouco da realidade: no estado em que está a popularidade do Cangalho de Boliqueime, o partido a que ele pertence, o dos cambalachos PSD -- que faria o Sá Carneiro dar voltas na tumba, acredite... -- lá ajeitou um frete, criando um pequeno atrito político. Enquanto os Portugueses andam a discutir o sexo das adoções, o Padrinho do BPN vai ganhando fôlego, e, com umas injeções do Professor Lobo Antunes, um dia destes aparece, em horário nobre da SIC-Notícias, a dizer que vai... vetar o referendo. O país inteiro respirará de alívio, as velhas lá dirão que estão orgulhosas do seu cavaquinho, e até votavam num terceiro mandato dele, as bichas aplaudirão, e até a Maria, de Centro Esquerda, ficará toda saciada, com essas gentes horríveis, do CDS, do PS, do PCP e do BE a terem de se congratular com a ressureição da Múmia de Boliqueime. Sabe, querida, quando a carne está podre, tempera-se e serve-se com picante forte. Assim foi com a Bárbara e o Manuel Maria, que depois dos enxertos vão voltar a viver juntos: afinal o golpe publicitário não deu certo, e têm de contar bem os tostõezinhos. É a vida. Assim será com o Homem da Bomba, já a preparar o caminho do Professor Marcelo, para a derrota de Belém. Ai, querida, este país não é para novos: é só ovos de colombo. Kisses, nessa sua pança, e os sinceros desejos de muitas gruas de Viana do Castelo, no grande dia da epifania. Bem haja.


 
 

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