Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Há os povos da boa fama e os povos da fama duvidosa. Se esquece o lugar dos últimos, pela força do seu mau exemplo. No lado inverso, se aumentou o povo alegre brasileiro. Em cidades e florestas de um mar enorme, não morre ele de fome, nem de tristeza. E quando lhe fadam um pé descalço, logo veste a face do seu melhor sorriso.
Diz-se dos brasileiros enganarem dias maus a cantar, e em dança vencerem quaisquer restantes. O seu sotaque é verde, e a voz pintada de amarelo. Por ali existe um país tisnado de sorrisos, a dominar os enormes hemisférios. Pois assim se fez a imagem de um vasto festival de cores.
O brasileiro singra agora um mau momento. Como em Goya, e deitado no divã da sua análise, reviu os monstros todos da Razão adormecida. Ao reabrir os olhos, se multiplicaram bocas estridentes de frases fáceis. E em todas elas sempre as crónicas encontraram guerra extensa. Pois nunca a pobreza ditou conselhos de boa política, mas tão-só as palavras divisoras das gentes.
No fechar da semana, terminará a psicanálise deste voto brasileiro. Dela se viu ter sido penosa, e mostrado ao mundo um espanto de inquietação. Nela, mais se não pressentiu do que o Brasil inteiro, a duvidar das nações felizes.
Domingo, haverá os brasileiros quebrados de um grande mal, e também haverá os brasileiros órfãos dos males maiores. E só nesse tempo se poderão contabilizar as horas tantas perdidas. Porquanto diz a História ser rápida a morte dos tiranos, enquanto é longo o luto dos seus seguidores.
Mero navegador do Tempo, relembro de Oscar Wilde o dizer das boas reputações, que só quando deveras perdidas, recebem o seu devido valor. Ora devem as vozes civilizadas desejar um exemplo de fama generosa ao povo irmão. Pois não haverá harmonia nas restantes gentes, antes de que os brasileiros enterrem as suas sombras, e regressem à serenidade simples do seu sol de sempre.
(Luís Alves da Costa, outubro de 2018)