"Este texto destina-se exclusivamente aos nossos Colaboradores, Leitores, Comentadores, Apreciadores e Adversários: "The Braganza Mothers", para muitos, terá terminado inexplicavelmente, e é a esses, sobretudo, que devo estas palavras.
Há várias semanas que se andavam a verificar estranhas manobras dentro do espaço "The Braganza Mothers". Sou um lógico, mas muito antes de um lógico, um intuitivo, e alguma coisa me dizia que o cheiro não condizia com a aparência pretendida. Ao longo da Vida, convivi com o Mal, nas suas três formas, a de Santo Agostinho, que dizia que " O Mal não era senão o Bem na sua forma degradada", a de Pascoaes, de Pessoa e a minha, que "O Bem não era senão o Mal na sua forma degenerada", e o outro Mal, o pior de todos, o Mal Substantivo, ou seja, o Mal Em Si.
Para que se esclareça o sucedido no "Braganza Mothers", durante semanas, um pretenso colaborador, de nome "Messalina", esteve, como um Cavalo de Tróia, oculto nas nossas fileiras. Que tenha conhecimento, ninguém, do "Braganza Mothers", o convidou para a nossa tertúlia. Sou um espectador desatento, quando me convém. Nunca o "Braganza" foi um lugar de espionagem ou de delação, daquela coisa obscena que é fazer uma queixa anónima, que poderá destruir vidas e carreiras. Também nunca fomos um espaço judiciário, ou judicial, por mim falo, que tanto detesto leis como adoro princípios, princípios fascinantes, palavras de auricalco capazes de modificar toda a História e todo o Tempo. Antes fomos um espaço de sátira, a Sátira de Borges, capaz de criar na pele doenças semelhantes à Lepra.
O tempo, infelizmente, não é para ingenuidades: estas coisas da Net são filhas da Cegueira e do Registo, não são voláteis, são pedras graníticas, que vamos semeando no nosso caminho.
Para os detentores de "Blogues", o termo "Administrador" alguma coisa dirá. Para os outros, doravante, passará a dizer: significa que ser "Administrador" é ter o poder de modificar o aspecto visual do "Blogue", convidar elementos, editar os seus e os textos dos outros, ou, num derradeiro instante, ter o poder de... apagar o próprio Blogue.
Nunca prestei muita atenção a "Messalina": em "Divvus Clavdivs", de Suetónio, sempre me coloquei ao lado do pobre Cláudio, literato, manco e gago, redactor da "História de Roma", enquanto a esposa se entregava a todas as devassidões do seu corpo e alma. Ontem, todavia, reparei que a estranha "Messalina", do "Braganza Mothers", sem nunca ter nada escrito ou manifestado, subitamente passara de "Convidado" a "Administrador": esse é o meu lado Cláudio, sou algo distraído quanto aos tempos, mas rapidamente percebo as intenções: entre os colaboradores do "Braganza" existia agora ALGUÉM, que ninguém convidara, um Mal Mecânico, ou Humano, com poderes para alterar textos, mergulhar nos arquivos, tergiversar palavras e tempos, falsificar comentários, tornar apócrifos testemunhos e comentários, mentir sobre o Passado e as intenções do Presente.
Não sou polícia, não tenho espírito detectivesco, antes prefiro o Sol e o Génio, que nos inspiram belas palavras, e semeiam, em nosso redor, clareiras de Assombro e Sedução. Escrevo pelo prazer de escrever o que dá aos outros prazer de ler. Creio que sempre fui eficaz, todavia, com a responsabilidade de ter convidado tantas cabeças e talentos, para erguer este espaço comum, e, ao descobrir que existia um Monstro nas nossas fileiras, imediatamente me lembrei da velha metáfora do Mal Substantivo, muito mais profundo do que o Bem degradado, ou do Mal Primordial, ainda não sublimado naqueles raros oásis do Benigno.
Vou crer que essa "Messalina" era um "autómato", uma coisa cega e insensível, posta a pairar entre nós, com plenos poderes para nos falsificar e destruir 18 meses de talentoso trabalho -- antes prefiro isso, a que tal seja fruto da maldade humana, para não ter de ter, todos os dias, antes de deitar, mais um pensamento de piedade para com uma pobre alma perdida -- e como sempre defendi ser este espaço um lugar de Liberdade e de Generosa Expressão, julguei ser demasiado indigno poder ter o fruto de tantas horas de criação sujeito a insondáveis desvirtuamentos, manipulações e outras palavras de sonoridade e sentido afins.
Não me podia sujeitar a ver o NOSSO trabalho gangrenado por uma mão estranha; não quis ver ninguém sujeito a ter assinado, em arquivos, textos que nunca engendrou; não quis ver uma Utopia transformada num Inferno. Deixo essas coisas para as mecânicas "Messalinas" deste Mundo, cegas, insaciáveis e sonâmbulas. Esse Mundo não é o meu mundo, nem o de ninguém que, de boa-fé, aqui colaborou. Não sei para onde íamos, mas, decerto, nunca iríamos por aí.
Finalmente, para o Capitão do Navio, quando nada mais resta, sobra aquele acto trágico que é a ordem de evacuação, antes de abrir a válvula que levará ao naufrágio da nave inteira. Ontem, por respeito, e para que a dignidade se mantivesse até ao fim, foi a decisão que tomei, eram, mais coisa, menos coisa, duas horas e meia da manhã, do dia dois de Julho do Ano da Graça de Dois Mil e Sete. Peço desculpa, mas era, no Código de Cavalaria, a derradeira opção".
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