Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Construo os poemas no ponto mais alto da minha cabeça,
como o cantor coloca a voz esquecendo a garganta e o peito. Depois vou cortando
palavras, raramente acrescento, a frugalidade imperfeita.
O homem viaja de pé na carruagem apinhada de gente.
Ninguém o ouviu, mas ele não parece importar-se grande coisa. E continua: às
vezes desejaria mudar tudo em mim, a roupa, o cabelo, como um pássaro que muda
de penas, alterar a rota desta carruagem, desarticulá-la, desmembrá-la. Escrever
o impossível.
Foi neste momento que sentiu qualquer coisa na parte
detrás da boca, entre a língua e o palato, salivou, engasgou-se, deixou cair
uma vogal na palma da mão. Sentiu-se outro.
Quando saiu do comboio era pássaro e tinha um trema no
alto da cabeça.
... só me faz lembrar um olhar com que me cruzei, no outro dia, e pensei, olha, a Manuela poderia ser este rosto :-)
Poema da lua cheia :-)