Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Querida Lola:
Sou mulher e cidadã de Cantanhede. Sou mãe de três filhos, e autora de três desmanchos, que todos os anos vou a Fátima pedir que a Senhora me perdoe, embora eu continue a chorar de os ter feito... Estou muito chocada, porque pensava que os tribunais de Nova Iorque eram como os Portugueses, e que, quando chegava às 17.30 h., fechavam, e ia tudo para casa, inocente e amigo, que nós devemos ser todos uns para os outros, não acha?... Depois, depois... ligo a TVI, e vejo que condenaram um rapaz, tão... sei lá, olhe, para nós, que ninguém nos está a ouvir, quantas vezes não fiquei a olhar para ele, atrás da cortina... sei lá, a desejar que ele se enganasse na porta, e me tocasse à campainha, para pedir uma xícara de açúcar, e eu entregava-lhe... sei lá... a minha forma toda. Eu acho que ele está inocente, não acha?...
Célia de Jesus, Cantanhede
Querida Célia:
Querida, antes de mais, devo dizer-lhe que percebo imensamente a sua angústia, embora pense que devia estar mais preocupada, como todos os Portugueses, por estar a pagar, na forma de férias em Nova Iorque, a baixa fraudulenta da Odília Pereirinha, que se vai prolongar, agora que o Touger, outro demente, vai entrar na dinâmica dos "recursos". Se fosse alguém com cancro, já tinha sido mandada trabalhar, até se desfazer, para o lado... Quanto à sua pergunta, aqui, no Conde Redondo, onde também não há paneleiros, mas só casados e pais de três filhos, que sentem é necessidade de, de quando em vez, apanhar no cu, enfim, aqui, no umbigo do Mundo, também há pessoas que pensam que o Renato está inocente. Eu tenho a minha posição, mas é pessoalíssima. Acho que a velha, a Carla Castra, era uma escandalosa, deu cabo da vida a muita gente séria, que isso da paneleirice é um assunto que deve continuar secreto, para que a nossa sociedade possa ir sempre para a cama dormir do lado que melhor lhe convém. Paneleirice, em Portugal, é..., é... como os negócios dos submarinos: nunca se encontrarão culpados, assim como nunca se identificarão paneleiros, embora toda a gente saiba que os há, mas voltando ao que lhe estava a dizer, a outra, que era uma escandalosa, aceitou, e muito bem, quando a Odília Pereirinha lhe foi levar o filho ao Porto, para ele o lançar no Mundo da Moda. Essas mães, generosas, fazem os filhos desde o berço, e depois lançam-nos no berço do mundo, sempre à espera de que pingue mais alguma coisinha do biberão, e pinga, desde que o biberão seja privado, que é a forma privada que o privado tem de ir buscar leite ao público, que publicamente afirmam estar seco. Desde que o Renato e o Carlos foram fotografados, a tomar banho no esgoto de Algés, que eu achei que aquilo tinha muito futuro: a Cleópatra tomava banho em leite de burro, aqueles dois andavam a banhos em bosta de jumento, com o farol da Guia ao fundo, para não se afogarem na merda, cada qual come do que gosta, e engole do que melhor lhe escorre pela garganta. O que aconteceu em Nova Iorque foi muito mau, porque o Carlos, que, como qualquer pessoa normal, gostava do grande e grosso, começou a virar-se e a revirar-se toda na cama, com aqueles olhos de alforreca, e a dizer, "ai, Renato, mete-me-o devagarinho, para não me doer...", e gemia que nem uma cabrinha da Serra da Estrela, daquelas cujos machos fornecem o leite, para fazer o mais célebre queijo do Mundo, e gemeu, e repetiu três vezes, como aquele Adamastor que está no cabo do mundo, e quando olhou para o lado, viu o andebolista, machão, "modelo", também virado de costas, de pernas abertas, e ar aguado, e com "ambas as duas" mãos a afastar as bochechas do cu, naquela esperança vã de que ali entrasse uma daquelas dezenas de avionetas, que, diariamente, trazem a droga para Portugal, escoltadas por F16, como a Isabel dos Santos, sempre que vem comprar malas à Vuitton da Avenida da Liberdade. É natural que a velha se tenha passado, porque, depois de uma vida inteira a pagar a chulos para a enrabarem, apanhar, de repente, um badochas de Cantanhede, mandatário para a juventude, da campanha do Cavaco Silva, que, em vez de foder, queria ser fodido... Como pode imaginar, querida Célia, há limites para a desonra humana, e uma pessoa chega aos sessenta e tal anos, vê um filme daqueles, e começa logo a imaginar que, de ali para a frente vai ser sempre a piorar. O resto só posso descrever em borrão, porque posso imaginá-la a saltar da cama, escandalosa, com os tentáculos de potra a trepidarem, e as bochechas da ira, como um setter-salsicha, de Nottingham, a soltar umas babas, e a gritar, "tu nem penses que eu vou andar a pagar a um paneleiro, para ainda o ter de andar a comer!..." O Renato, coitado, e nisso, querida Célia, tenho de lhe dizer, sou toda do lado dele, deve ter-lhe dito, com a sua voz infantil -- é uma criança, Célia, apesar dos 22 cm... -- "mas, Carlos, o meu vizinho era assim que gostava, e fiquei sempre por debaixo dos meus primos..., o Padre de Cantanhede desculpava-me, sempre que eu me ia lá confessar, e, ultimamente, até já me chamava também... "primo"... pensava que era isso que tu querias..." A ira é muito má conselheira, minha querida, e, pela Lei de Murphy, quando aquilo começou a correr mal, o resto também correu, a velha saltou da cama, enfiou um pé mal enfiado num chinelo, tropeçou, enfiou a cabeça no monitor do computador, e começou a correr atrás do atleta para o agredir. Ora, querida, com a cara cheia de golpes e um olho já de fora, o nosso querido Seabra pensou que aquilo fosse a noite dos mortos vivos, e assustou-se -- é humano!... -- foi calçar um ténis, e começou a pisar a cara da bicha nojenta, para ver se os olhos voltavam para dentro, mas não voltavam, por mais pares de ténis que ele experimentasse... A história do sacarrolhas está muito mal contada, porque parece que, cega, a velha o quis agredir, mas voltou a escorregar, nas poças de sangue, e caiu de tomates em cima da lâmina. Consegue imaginar os sustos que a criança não sentiu, no meio disto tudo?... Ainda tentou esconder os testículos por tudo o que era gaveta, mas era inútil, porque há sempre uma Nafissatou Diallo que descobre essas coisas todas, e, quando não descobre, inventa, ele cada vez mais a entrar em estados psicóticos, porque a velha, como tudo o que é ruim, não morria, eram só poças de sangue por todo o lado, ele já com manchas nas roupas da Chica Muri, muito conhecida por aviar broches nos estacionamentos do "Saldanha Residence", teve de ir trocar de roupa, tomar banho, e voltar a trocar, porque, de cada vez que saía da banheira, a outra levantava as mãos das tripas ensaguentadas, chamava-lhe nomes, e voltava a sujar tudo. Estiveram cinco horas nisto, que lhe pareceram cinco segundos, porque já estava em psicose, só teve tempo de meter no bolso cinco mil dólares, ainda se cortou numa porcaria de um copo que a velha tinha partido, naquelas agitações de que ainda queria fingir estar viva, desceu cinquenta e cinco andares, encontrou aquelas amigas, falsas como o demo, do Castro, disse-lhe que nem valia a pena perderem cinco minutos, à espera dele, porque ele não desceria mais, e saiu para a noite, em busca do melhor hospital, para ver se encontrava um médico que co"z"esse os bocados da bicha estrebuchante. O resto, a menina já sabe: felizmente que, em Nova Iorque, os tribunais não fecham às cinco, e que costumam tratar estes casos na casa das penas dos cinquenta anos, o que, para o nosso "modelo" vai ser excelente, porque vão-lhe parecer cinco séculos, quando tiver muito mais do que tudo aquilo com que sempre sonhou: apanhar perpetuamente, pelas traseiras, com uma populaçao de cinco mil presidiários, esfomeados de cu, como o tal vizinho -- quem será?... -- que o estreou, e lhe meteu, para sempre, no corpo, os demónios e os vírus da "homenssexualidade". Kisses, meu amor, e espero ter acalmado toda a sua angústia.