Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
seria a flor da laranjeira que cobria a noite daquele
odor adocicado o desejo ingénuo de bater com força uma porta qualquer da vida
um vaso quebrado na janela do primeiro andar o Tejo ao
fundo é este rio manso as gaivotas não sei onde dormem talvez na areia das
praias dos pescadores
sargaço
Não sei porque escrevo assim, disse. E abriu as portadas
da varanda. Na gaiola vazia a memória do canário que não cantava de tristeza e
um dia voou e agora dá-lhe uma paz sabê-lo esvoaçar de pássaro.
O senhor do segundo direito, tosse, espalha folhas de
jornal sobre as telhas para que os gatos vadios saibam que aquele território é
o seu. Dele, homem. Mais tarde irão com o vento que se levanta nos telhados de
Lisboa, as letras das palavras escritas misturadas com as más notícias e cai o
tê maiúsculo num banco da avenida, o zê escorrega pelo focinho de um cão. Os
jornais são companheiros dos velhos e bronquites crónicas como o medo.
Os cacilheiros cheiravam a alcatrão e a outra banda era
do outro lado, esse é um sentimento de segurança que não sentirão mais graças a
deus.
As margens fixas fazem estalar as têmporas, é apenas um
conceito, nem tem que ser demonstrado, basta acreditar nele e os olhos mudam.
espalham-se pelas ruas latas de cerveja urina e vomitado
o grito escuro quem disse que é preciso ir longe para agarrar duas mãos
desdobra-se um nó na garganta antes do sol nascer cegos
os anjos da guarda
minha companhia
Não sei porque é branca e azul a luz da minha cidade,
disse. E viu no rio os golfinhos do Tejo outra vez, enquanto um barco se
afastava do cais.
No vaso quebrado cresceram bem-me-queres de olhos de sol
e bicos de lacre e agora dá-lhe uma paz saber-se escrever assim.
É bom saber que há mulheres bonitas a escrever, enquanto esta desgraçada tem de andar pelas esquinas do Conde Redondo, a aviar os maridos das outras...
kisses
Os grandes momentos de escrita do Braganza Mothers, aliás, de Portugal :-)