domingo, 7 de abril de 2013

lomamis

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas


Cercopithecus lomamiensis
Uma linha de água separou-os. Nem deram por isso.
De pé na floresta húmida, parece pequeno, cinquenta centímetros de músculos, ossos, cartilagens, coração, pulmões, sangue, cabelos, olhos, boca. O solo rente, o odor primitivo do mundo.
A noite que lhe dá segurança, curiosidade, destreza, também atrai o perigo. Um descuido e torna-se presa, caçado, privado de liberdade, desfeita a vida. Isso, apenas o saberá no momento exato da captura, não antes, não quando ainda não existia.
Talvez tenha medo do ruído das torrentes, da luz dos relâmpagos, dos ramos emaranhados das árvores, da picada das cobras, da peçonha das aranhas.
Talvez tenha saudades de andar às costas da mãe, de mordiscar o pescoço dos irmãos, de rebolar na erva, único, perfeito.
Nos eclipses da lua interroga-se sobre a mancha que cresce e ocupa a luz, nos do sol cala-se, porque lhe é familiar a natureza da privação. O grupo que o protege é em número reduzido, reconhecem-se pelas vocalizações que emitem, pelo território que ocupam. Escutam os sons da floresta e o estalido das folhas e por fim mergulham nos grandes lagos, superfície líquida, pura que emerge do olhar.
Nós ficamos deste lado e do outro, timidamente maravilhados.
É uma espécie vulnerável. Nós também.
 
 

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