Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
-Vens daí, roubar uns ovos de ganso? –disse a raposa e o estômago roncou-lhe de uma maneira quase obscena.
-Vens daí, roubar uns ovos de ganso? –disse a raposa e o estômago roncou-lhe de uma maneira quase obscena.
Enredei-me na resposta, afinal não é todos os dias
que se encontra um exemplar destes, sobretudo nas zonas temperadas, digo,
quentes e húmidas em que as toalhas de banho levam dez dias a secar e as pedras
da calçada são uma armadilha para quem tem pressa. E respondi-lhe com uma
pergunta, que é a pior forma de responder a alguém.
-Estrelados?
A raposa espetou as orelhas, torceu ligeiramente o
focinho e abanou aquele imenso monte de pelo a que para simplificar, chamaremos
cauda.
- Não me gozes. E como é que eu molhava o pão na gema? –
e sentou-se nas patas traseiras com um ar desanimado.
Era tão pequena e brilhava tanto, que eu senti-me
envergonhada por a confundir assim. Apertei os botões do casaco, tirei do bolso
os óculos escuros, coloquei-os e disse-lhe:
-Então seja, ovos quentes para variar.
Dei-lhe a mão e dirigimo-nos mais para norte, à procura
dos gansos, do ar seco e gelado.