Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Quando o pássaro bicou nos vidros da janela, ainda o
rapaz dormia. Entreabriu os olhos, bocejou e virou-se para o outro lado. O
pássaro era teimoso, insistiu, uma, duas vezes e chamou-o, acorda rapaz,
preciso da tua ajuda e soltou um canto alegre e compassado. O rapaz, finalmente
desperto, saltou da cama, abriu a janela e viu um meio-pássaro. Estou a sonhar,
disse o rapaz, incrédulo. Nem tanto, respondeu-lhe o pássaro, ainda não estou
completo, acabei de fugir de uma folha de papel.
Porque é que fugiste, perguntou o rapaz. Com a pressa de
chegar e a morosidade que têm os contos em crescer e o desejo imenso que me deu
de voar, disse o pássaro.
E palavra puxa palavra, o rapaz pegou no pássaro,
colocou-o na borda de um copo alto, fez café, duas torradas e disse-lhe, conta
lá. E o pássaro contou.
Estou aqui incógnito, mais um dia e darão pela minha
falta. No entanto não sei qual é a minha espécie, nem tão pouco o papel que
desempenho na minha história, quanto mais na tua. Ouvi dizer que és um rapaz
voador, de longo curso e eu, aborrecido da gaveta e do papel e sobretudo desta falta
de cauda e de asas, fugi e vim por aí, a trepar paredes.
O rapaz suspirou. Naquela manhã não lhe apetecia mesmo
nada conversa de pássaros crédulos e incompletos. Mas o olho vivo do pássaro
continuava a fixá-lo e ele não via maneira de o dissuadir. E perguntou-lhe, na
hipótese remota de eu ser o rapaz voador de quem ouviste falar, como é que te propões viajar comigo? Preso no teu bolso, com a cabeça de fora, respondeu o
pássaro. O rapaz rendeu-se. Pegou no ramo e no meio-pássaro,
meteu-o no bolso do pijama, a cabeça de fora e pela janela aberta abriu as asas
e voou.
O pássaro rejubilava de contente e à medida que evoluíam pelo
céu azul o rapaz sentia o coração cada vez mais leve. Ao fim do dia, a cauda e as asas do pássaro
completaram-se e foi ele quem levou o rapaz cansado e adormecido até à sua cama.
Estou a sonhar, disse o rapaz. Regresso à folha de papel,
respondeu o pássaro.
no dia do seu aniversário
Um abraço ao pássaro
ou será ao rapaz?
para o caso, tanto faz
.
.
. que o olho vivo do pássaro nos seja sempre um sopro de vida e de luz .
.
. muito.muito.obrigado .
.
. um imenso beijinho . agradecido .
.
.
a muitas viagens de longo curso em direção ao sol nascente
parabéns Paulo!
Paulo
idem as(p)as!
JLF
"as asas do pássaro completaram-se e foi ele quem levou o rapaz cansado e adormecido até à sua cama",
hora de eu
vir eu,
nos parabéns melódicos :-)
Falta lhe fez ter passado hoje em Sete Rios,
tinha bandeirada grátis, passe jovem para o sanitário, neste mês de IRS ando farta de ver os avôs dentolas terem todos desistido da retenção na fonte, pagam todos cinquenta cêntimos, preço do Centeno, deixe que lhe diga que a falta de higiene começou, como dizia o Ratton, quando começaram a faltar as pretas,
eu nunca faltei,
às seis da manhã já tenho prateleira empinada e a vassoura na mão, e um balde no chão,
pareço a Ângela,
pudesse eu aniversariar, mas sou só escrava dos temperamentos, olhe, passe, que amanhã faço-lhe um produto do dia, como no Pingo Doce, só 30 cêntimos, braguilha aberta e uma mama de fora desta sua amiga, de S. Vicente,
parabéns :-)
Disseram à Jacinta que fazia anos, lá pedi às assistentes que me empurrassem os rodízios até ao Blogger, metade do meu calvário são as cruzes, as outras metades o centenário, ando eu a soro e paches, para ver se estou pronta, quando o nosso senhor francisquinho me vier à visitação, já me estou a ver, toda derreada na cama, com a cabeça meio pendida para os tapetes, aquele meu sorriso stephen hawking que tanta gente tem levado à crença,
e ele,
é esta a Jacinta?...,
coisa tão frágil e pequenina, parece uma passarinha, enfim, neste estado, meia passarinha,
poupem-lhe as irmãs levantar-me o hábito, e verem a grande dor que trago nas pernas, uma chaga que o mulato toda a noite alimenta,
não quero ser mal formada, nem invejosa, mas aniversários, realmente, só coisas em grande, tipo começa em 1917 e vai até 2017, com aqueles fogos todos não sei de onde que estoiraram, a última coisa que viram foi um rojão de artifício, eu só via as ovelhas do meu pai Abóbora, que me chamava mentirosa, e um dia vi foi o solzinho a dançar, dançava a rumba, parecia a Cesévora Ávida naqueles dias do garrafão rachado, era um cheiro a álcool que parecia Torremolinos, o medo que eu tive de ser empurrada para uma festa de finalistas, ainda saía no Correio da Manhã TV,
beata encontrada acamada dentro de um elevador,
queixo em baixo e boca babada,
toda regada pelo pó de um extintor...,
e já vou longa, pela noite escura, deus nosso senhor deu-lhe um aniversário, e eu queria dar-lhe um presente, nesta noite escura, e aqui vai: que a santa lhe permita que o seu toque nunca vá além da pele branca, e que nunca tenha de sofrer, como sofro eu, esta integração da terceira geração, toda ela feita de pele preta, onde de toque tão preto, já até a mão do mulato me parece o kiss da branca de neve,
e assim o parabenzei,
pudesse eu sentir o que escrevo
(Irmãzinhas, podeis puxar-me as artroses de cima do teclado, e posso voltar às garras de ponto cruz, amanhã há mais, essa Manuela BapTista devia dedicar-se à pintura, em vez de andar a distribuir pratas e quadros falsos pela Obra de Emaús, benzó-deus, e esse Jaime anda muito atrevido, muito saído da casca, qualquer dia revolta por aí a Louca do Canidelo a cercá-lo, isola, isola, isola...)