Dedicado àquele f.d.p. de Évora, que, se, em vez de me mandar sms, aparecesse, me tornava a vida mais feliz...
Deus, que é dos Cristãos, Kate e Gerry incluídos, mas não é o meu, porque frequento outros colos, manda ter, antes de deitar, um pensamento de pacificação para com todos os que amamos, e como ele manda, eu cumpro: o meu pensamento de paz e amor vai hoje, todo, para os McCann, pessoas que adoraria ter tido como progenitores, não tivesse sido abandonado na Roda da Santa Casa da Misericórdia, e depois entregue à Casa Pia, para ter sofrido aquela vida devastada e sem retorno, enfim, entregue às sevícias de Jaime Gama, graças a deus que isso tudo prescreveu, ele na boa, eu, na minha.
Portanto, enquanto a Judiciária foi a Inglaterra tentar resolver o problema da preciosíssima filha apagada deles, os dois agentes ao serviço de uma sociedade secreta foram fazer o número para Bruxelas, e dar conferências sobre crianças desaparecidas.
Por acaso, tive acesso a alguns tópicos da Conferência, que considero substancialmente sólidos e amadurecidos.
Então, os McCann, os novos Paulo e Pedro do Fariseísmo Comunicacional, têm como linhas mestras os seguintes conselhos para que não desapareçam mais crianças:
1) Sempre que um dos membros do casal for infértil, nunca desejar ter filhos.
2) Sempre que se recorra à inseminação "in vitro", evitar passar o resto da vida a olhar para o dado à luz, com aquele ar de desconfiança de "esta putinha, afinal, será filha da minha mulher e de mais quem?..."
3) Evitar praticar sexo em grupo.
4) Caso sinta que tem tendências homossexuais, assuma-as, em vez de ficar sentado na poltrona, a masturbar-se, enquanto vê a sua legítima a ganir, como uma cadela, nas posições imaginadas pelos outros.
5) Evitar "blind dates".
6) Evitar meter desconhecidos em casa, só porque, no MSN, escrevem frases do tipo "tenho 23 cms grossos"; "curto partir camas a três"; "a minha mulher gosta de lamber as mulheres dos outros comigo a ver", etc. (tudo isto em Inglês Técnico)
7) Desconfiar sempre que o desconhecido que foi convidado para dar o fodão do ano na legítima ficar mais de meia hora a fazer festinhas na cabecinha da filhota, lourinha, "in vitro".
8) Deixar as crianças adormecer naturalmente, não recorrendo a anestesias locais, ou sedativos, senão, quando chegarem aos 20 anos, já só adormecem com cachaporradas na nuca, e o sono será em forma de coma induzido.
9) Evitar ir para jantaradas, daquelas do enfrascanço global, para depois ver se dá numa "partouze", onde ninguém sabe que pé é de quem, e se o cu tem, ou não, pelo.
10) Evitar, em países produtores de vinho, esvaziar garrafas em série, à frente de testemunhas.
11) Não menosprezar as polícias do Terceiro Mundo.
12) Evitar ser vizinho de velhas gulosas, que passam dia e noite à janela, à espera dos célebres pescadores de Portimão, que dão três, sem tirar, e que afinal não aparecem, por que há uma miúda em baixo, aos berros, como se a estivessem a matar.
13) Evitar ter vizinhas que vêem homens de Neanderthal, e imediatamente sentem a adrenalina do "ele-vai-me-levar-para-uma-rua-escura-dar-me-uma-foda-e-fugir-a-seguir", quando afinal ele só levava nos braços um caixote com lixo para despejar no contentor.
14) Evitar ter amigos argumentistas de televisão, que escrevem telenovelas "light", com guiões enformados anglo-saxonicamente, num país que prefere merdas do Nicolau Breyner, da Rosa Lobato de Faria e das "Produções Fictícias".
15) Perceber que, no Terceiro Mundo, para que o desaparecimento de uma filha seja plausível, se deve berrar, uivar e arrancar cabelos, como a mãe da pobrezita da Mariluz, e não ficar com ar de pãozinho sem sal, a repetir todo o tempo "I think so..."
16) Não continuar a jogar ténis, depois de ter posto o coração de toda a gente em sobressalto.
17) Começar imediatamente a procurar a desaparecida, em vez de telefonar para a "Sky News", só para ver o nome da filha a rolar na fita do rodapés das "news".
18) Não mostrar que se tem amigos poderosos e com muito dinheiro, do género, deixa-lá-estar-desapareceu-essa-mas-a-gente-paga-te-já-outra...
19) Evitar, num país católico, misturar Fé, pedidos a Deus e romarias com guiões de série C encomendados nos treinos de agentes secretos americanos.
21) Não transformar uma dor num negócio.
22) Evitar misturar o Papa em histórias sórdidas de "ménages" e cenas de grupo.
23) Comer mais carne com sangue e temperada com piripiri, para evitar ter ar de frígida a toda a hora.
24) Nunca transportar cadáveres em bagageiras de carros alugados.
25) Não processar jornais, para sacar ainda mais dinheiro, só porque publicaram o que toda a gente pensa e diz.
26) Aprender o velho ditado meridional de que uma mentira muitas vezes repetida começa a parecer verdade.
27) Nunca misturar Políticos, Advogados e Polícias, porque essas coisas foram separadas com a Revolução Francesa.
30) Evitar voltar a Portugal, sem forte escolta policial, porque com as ganas com que toda a gente anda de fazer a folha a alguém, pode ser que lhe calhe a eles esse azar...
Enfim,
Amanhã, quando a Judiciária estiver em Londres, os McCann irão a Bruxelas dar estes conselhos práticos de sobrevivência.