Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Era uma vez um rei que habitava um palácio verde-esmeralda
virado para o mar. Um dia, reuniu os conselheiros de estado e comunicou-lhes:
não sei explicar porquê, mas pesa-me a coroa de ouro que não uso, impede-me de
olhar para a copa das árvores e não me permite seguir o voo das aves de
arribação.
Os velhos do reino murmuraram entre si, que rei é este
que se preocupa com a sua própria cabeça em vez de legislar. Mas como não se
atreviam a expressar o que pensavam, fizeram saber por todas as cidades, campos
e aldeias, que se daria uma recompensa ao artesão que fizesse a mais leve e
bela das coroas, digna de um rei. Surgiram coroas de penas de cisne, de papel
de seda, de fios de cabelo louro, de açúcar em ponto de rebuçado. Todas
provaram ser leves, mas efémeras e desesperava e entristecia o rei.
Passaram muitos meses, até que apareceu um rapaz com uma
coroa feita de pedras e eram verde-musgo, verde-maio, verde-erva, verde-escuro,
verde-chá e verde-mar. Riram e troçaram os conselheiros do rei, os cavaleiros,
as damas, a cozinheira, o mordomo e o limpa-chaminés. E foi tanta a algazarra e
a maldade demonstrada, que decidiram humilhá-lo levando-o à presença do rei. O
rapaz não se intimidou, olhou-o de frente, sorriu e entregou-lhe a coroa de
pedras. O rei colocou-a na cabeça e no instante em que a luz do sol penetrou
pelas janelas abertas, brilharam os copos e as jarras de cristal, os espelhos,
os olhos do rapaz e as pedras da coroa. O rei sentiu a cabeça no ar e era-lhe tão fácil seguir o voo das aves e contar as nuvens do céu.
Foram à pesca os dois, o rapaz e o rei e deixaram para
trás os conselheiros, envergonhados, calados, com dez centímetros a menos de
altura.
Viagem pelos esplendores do jade
Os grandes colares de jade das histórias naturais :-)