domingo, 29 de setembro de 2013

falemos de coisa nenhuma

De nuvens de gafanhotos por exemplo. Estamos no café, o senhor da mesa ao lado pede um abatanado e só esta palavra, abatanado, irrita-nos sobremaneira. Parece um café com dores de cabeça, pior que pingado, que abananado, que é uma banana saturada de café.
E aí atiramos, o senhor já reparou nas nuvens de gafanhotos que se formaram sobre o rio? O homem suspende o gesto de segurar na chávena dupla onde navega um grama de cafeína e nós continuamos corajosamente, às tantas devoram-nos as folhas dos citrinos e depois… Acentuamos este e depois, mas deixamo-lo em suspenso, como os ditos gafanhotos. Como uma ameaça velada de um perigo que nos roubará os limões, as tangerinas, as laranjas da baía e quem sabe, as do algarve.
Ele balbucia, não percebi, e nós respondemos, claro que não, é um absurdo.
Quem nos dera outro verde no ar.

2 Responses so far.

  1. Uma banalidade, mas também me apetecem, por vezes, banalidades..., não, vou primeiro dizer uma coisa séria: um dos temas que costumo abordar, em Estética, é a qualidade, ou falta dela, da toponímica e do caráter agressivo de certos significantes, o lugar onde a Língua se torna "feia" pela sonoridade dos sons, ou pelas evocações sórdidas das suas famílias de consonância, Há um povo que se autoflagela assim, talvez por... sim, o contacto com o Feio decerto deforma a bela expressão, e como já me esqueci do que ia dizer, por aqui fico.

    Como sempre, Manuela, para bom entendedor, bela palavra basta.

    Bom domingo, e bom voto :-)

  2. .

    .

    . sobremaneira falemos . e falemos assim . e falamos de tantas cousas . procedentes da Criação . e não foi preciso dizer quase nada . :) .

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